Construindo uma autoestima saudável
- Vanusa Barreto
- 29 de out. de 2024
- 8 min de leitura
Atualizado: 7 de mar.

A autoestima revela muito mais do que o seu reflexo no espelho, pois envolve tudo aquilo que você pensa e sente sobre si mesmo.
Como posso melhorar a minha autoestima?
Posso dizer para você que a resposta dessa pergunta é bem simples, você precisa cultivar uma autoestima saudável.
A partir daí você pode me perguntar: Como faço isso?
Essa dúvida denota a complexidade desse tema, uma vez que existem uma infinidade de informações disponíveis na internet, nos livros e nas pesquisas de muitos autores que abordam essa temática de diversas formas.
Aqui esse assunto será tratado de forma a promover maior entendimento sobre a autoestima e como áreas importantes de sua vida são influenciadas por ela, assim como você pode se beneficiar das contribuições da psicologia para o desenvolvimento de uma autoestima saudável.
Compreendendo a autoestima

"Estamos em uma vida de muita aparência e de muita performance, autoestima é sobre isso, sobre o que sobra quando você está sozinha, e o quanto isso que sobra, você consegue gostar".
Dra. Carmen Beatriz Neufeld
Essa frase da Dra. Carmen Beatriz pode ser bastante impactante para algumas pessoas, uma vez que ela fala sobre o que você consegue gostar em si mesmo, quando não está diante do outro.
A autoestima envolve o valor que você atribuí a si mesmo, ou seja, o gostar de quem você é e o quanto você se aprecia. É reconhecer o próprio valor, sem a vaidade excessiva daquela pessoa que “se acha”, que não consegue perceber os próprios defeitos.
A autoestima está relacionada a um bem-estar psicológico, que diz respeito a sua satisfação consigo mesmo, mas para alcançar esse ponto é necessário que vários aspectos da vida estejam em consonância, por isso podemos pensar em níveis de bem-estar, já que estamos tratando de algo tão variável e subjetivo.
Cultivar uma autoestima saudável é um exercício diário e constante, não existe uma fórmula mágica que faça você se sentir bem consigo mesmo de modo permanente.
Os altos e baixos também ocorrem em relação a autoestima, devido a influência de circunstâncias da vida e do estado interno de cada pessoa.
A autoestima não é estática, pelo contrário está em constante movimento.
Os prejuízos gerados pela baixa autoestima.
Pessoas com baixa autoestima tendem a não se sentirem seguras consigo mesmas, ou seja, apresentam falta de autoconfiança.
Muitas vezes mostram uma necessidade de agradar o outro e consequentemente desenvolvem intenso desconforto em dizer não. Procuram constantemente a validação das outras pessoas e geralmente buscam pela opinião dos outros antes de tomar uma decisão.
Pessoas com autoestima insuficiente podem apresentar algumas características como vitimização, fazer chantagem emocional, focar no que deu errado, intolerância a críticas, dependência direta de elogios e de reafirmação do outro dizendo que fez algo bem-feito.
Podem ser extremamente competitivas e desenvolverem um perfeccionismo inadequado, que muitas vezes ocasiona uma comparação sistemática com os outros.
Frequentemente não conseguem se alegrar com a conquista alheia, pois a conquista das outras pessoas expõe o que a pessoa pensa sobre si mesmo, que não capaz de fazer o que se propõe ou que é inferior de alguma forma.
Em geral são pessoas que tem uma necessidade gigantesca de apontar os defeitos e de inferiorizar as outras pessoas, em outras palavras, são tão críticas, a ponto de humilhar o outro.
Uma estratégia bem comum, utilizada por pessoas com baixa autoestima, consiste em se colocar e/ou parecer estar acima das outras pessoas, sendo esse um mecanismo de compensação por sentir-se inferior aos outros.
A baixa autoestima pode gerar alguns sentimentos como:
● Insegurança.
● Incompetência.
● Excessiva autocrítica e crítica ao outro.
● Rejeição entre outros.
Alguns pensamentos minam a autoestima como por exemplo:
● "Nem vou tentar, pois sei que não vou conseguir".
● "Sou um fracassado, faço tudo errado".
● Dúvidas frequentes sobre questões triviais.
● Dificuldades enormes para tomar decisões simples do cotidiano, principalmente decisões importantes, que terão um impacto significativo em sua vida.
● A procrastinação pode ocorrer como uma estratégia de evitação, por receio de não fazer a melhor escolha, ou seja, por medo de errar.
Consequentemente isso leva a pessoa com baixa autoestima a ter determinados comportamentos.
● Evitar novos desafios ou desistência dos objetivos, pois não se acha boa o suficiente.
● Procrastinar excessivamente na espera do momento ou situação ideal, ou seja, colocar condições para realizar o que precisa, por nunca se sentir preparado.
● Pode coloca-se em situações de desvalor, nas quais não vai conseguir sair bem delas, como se confirmasse os pensamentos derrotistas sobre si mesmo e em relação as circunstâncias da vida.
As relações pessoais frequentemente são pautadas na necessidade asseguramento, devido à falta de autoconfiança e pelo medo sistemático da rejeição, o que pode levar a pessoa com baixa autoestima a vivenciar relacionamentos abusivos e tóxicos.
Na parte profissional por exemplo uma pessoa pode, mesmo estando insatisfeita com o emprego atual, não conseguir buscar outras oportunidades, por achar que não tem experiência suficiente ou formação acadêmica adequada.
Ficando muitas vezes presa na busca incessante por sentir-se preparada, fazendo inúmeros cursos e formações, e mesmo assim fica o tempo todo duvidando da própria capacidade.
Tudo isso pode se tornar um ciclo de autossabotagem, que gera instabilidade e insatisfação em várias áreas da vida.
Qualquer pessoa pode de algum modo se identificar com esses componentes da baixa autoestima, mas o principal daqui para a frente, é se questionar sobre:
O que faço com isso? Como lido com isso?
Saber fazer as perguntas certas muitas vezes é mais importante do que ter “respostas prontas”, com autodesenvolvimento você se aproxima cada vez mais de gostar de si mesmo, exatamente como é.
O que leva uma pessoa a desenvolver uma baixa autoestima?

"A imagem que você tem de si mesmo não é herdada ou geneticamente determinada, é aprendida".
Walter Riso
A construção da autoestima ocorre em um cenário multivariável, por isso alguns autores dizem que a baixa autoestima pode ser situacional ou crônica.
Podemos compreender a baixa autoestima situacional como aquela em que momentaneamente a pessoa pode estar com a autoestima enfraquecida, por estar atravessando um momento difícil em um ou vários aspectos de sua vida.
Já na baixa autoestima crônica envolve fatores mais duradouros que foram se constituindo ao longo da vida, fazendo com que a pessoa desde sempre tivesse pouquíssima ou nenhuma autoestima, ou seja, a pessoa sistematicamente tem baixa autoestima.
Existem inúmeros fatores que contribuem para o desenvolvimento da baixa autoestima, podemos citar:
● Oferecimento insuficiente de afeto por parte das pessoas significativas.
● Receber e/ou aceitar afeto inadequado ao longo da vida.
● Invalidação dos próprios sentimentos e necessidades.
●Necessidades básicas não atendidas como segurança, apoio, cuidado entre outras.
● Redução ou falta de apoio social, não ter com quem contar ou não ter suporte suficiente.
●Baixa autoaceitação, nesse caso a pessoa se vê como inadequada e/ou estranha, isso pode acontecer em situações em que a pessoa vivenciou o bullying por exemplo.
● Aceitação negativa, ocorre quando a pessoa assume para si algo negativo que foi dito pelo outro e se conforma com isso.
●Alterações na imagem corporal, a autoimagem pode ser negativa e/ou distorcida.
Portanto a baixa autoestima não pode ser determinar por apenas um fator, nem tão pouco se constituirá da mesma forma para todas as pessoas.
Por isso a importância de um acompanhamento psicológico, nos casos em que há sofrimento e/ou prejuízos devido à baixa autoestima, e quando a pessoa sente a necessidade de melhorar a autoestima de forma efetiva.
As contribuições da psicologia na construção da autoestima saudável.

"A autoestima saudável está associada a uma maior adaptabilidade, ou seja, as pessoas que têm uma autoestima saudável tipicamente se dispõe a mudar quando necessário e se adaptar".
Dra Carmen Beatriz Neufeld
Quatro pilares da autoestima segundo o psicólogo e escritor Walter Riso.
● Autoconceito (o que você pensa de si mesmo);
● Autoimagem (que opinião tem de sua aparência);
● Autorreforço (em que medida você se gratifica e se elogia);
● Autoeficácia (quanto confiança você tem em si mesmo).
Além dos pilares citados acima, temos outros eixos balizadores da autoestima que são: as relações familiares, o profissional, os hobbies, a educação e a aparência (estética).
O nível de satisfação com esses pilares, influenciam diretamente no bem-estar psicológico e consequentemente na autoestima.
É importante lembrar que a autoestima não é estática, e que quanto mais consciente você estiver sobre o que impacta em sua autoestima, mais preparada você estará para fortalecer a sua autoestima.
Para desenvolver uma autoestima saudável, você precisará primeiramente aprimorar a auto-observação, pois ela a levará a uma maior compreensão dos aspectos da sua autoestima que estão sendo prejudicados e/ou em baixa em cada momento.
É importante analisar os aprendizados que prejudicam a sua autoestima, ou seja, questionar as “verdades” aprendidas.
Aquilo que você ouviu e vivenciou em determinado momento da sua vida, que influenciou negativamente a sua autoestima.
Reeditar essas mensagens negativas através de questionamentos, produz um novo significado e descontrói essas “falsas verdades”.
A construção de uma autoestima saudável não envolve apenas o enfrentamento dos pontos fracos, mas também a identificação e o fortalecimento dos seus pontes fortes.

Responder algumas perguntas pode auxiliar na definição desses pontos fracos e fortes.
O que faço bem? O que não faço bem? O que faço mais ou menos?
Além disso, você pode listar as suas características pessoais que considere positivas e negativas.
Todo esse questionamento sobre si mesmo, tem como intuito ampliar seu autoconhecimento, para que você possa gostar de si mesmo estando consciente de que não é perfeito, que comete falhas e que tem características que não são tão positivas.
Outros pontos a serem reconhecidos e desenvolvidos são:
● Autorresponsabilidade – avaliar o efeito das suas características no outro.
● Integridade pessoal – ser fiel a própria essência e valores.
● Reavaliação – reavaliar o que as pessoas falam sobre você e o que você fala para si mesmo, refletir sobre os efeitos disso em sua autoestima e o que vai fazer com isso.
● Ter coerência – com seus valores, crenças e ações.
A autoestima saudável se reflete através da forma de ser de cada um.
Pessoas com autoestima saudável tendem a apresentar as seguintes características:
● Conseguem reconhecer e lidar com seus pontos fracos, muitas vezes fazem graça deles.
● Cuidam de si esse autocuidado está relacionado a ter e manter uma autoestima saudável.
● São pessoas que tomam atitude, agem em vez de ficar reclamando ou esperando que ajam por elas, ou seja, são resolutivas.
● Direcionam suas ações pautadas em seus valores, não agem impulsivamente.
●Geralmente trazem a responsabilidade para si de chegar nos objetivos e/ou metas que são importantes para si, não ficam culpando as circunstâncias por seus desafios.
● Se sentem bem consigo mesmo, aceitam estar em sua própria companhia e sabem dizer não.
● Não são nem demasiadamente modestas, nem arrogantes, mas valorizam as suas próprias características.
● Confiam em si, sem soberba, acreditam que tem a capacidade de conseguir aquilo que é importante para si mesmo.
Para finalizar podemos ressaltar que a autoestima se refere a sua relação consigo mesmo, ou seja, o quanto você está comprometida em se conhecer melhor, em aceitar aquilo que não é tão bom em você, assim como reconhecer e valorizar aquilo que é bom, uma vez que tudo isso faz de você uma pessoa única nem melhor, nem pior que os outros, apenas imperfeitamente humana.
Autoestima é uma prática diária que exige autoconsciência e dedicação, pois só podemos mudar aquilo que conhecemos.
Se quiser verdadeiramente melhorar a sua autoestima, podemos fazer isso juntas.
Referências:
RISO, Walter. Apaixone-se por si mesmo: o valor imprescindível da autoestima / Walter Riso; tradução Sandra Martha Dolinsky. - São Paulo: Planeta, 2012.
POLETTI, Rosette; DOBBS, Barbara. Caderno de exercícios para aumenta a autoestima. Tradutora Stephania Matousek. 4 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2013.
NEUFELD, Beatriz Carmen - Autoestima - Episódios 4 e 5 – Disponível em:
https://www.youtube.com/live/pDsJXQMBOyg?si=tHWYQYQKx96j4YdK https://www.youtube.com/live/-vCzR039ytE?si=U0cNpOqI-biPgMte